Polícia de proximidade apoiou macaense radicada em Viana que vivia quase na miséria
"Podiam ter dito alguma coisa e eu vestia alguma coisa melhor", exclamava, surpreendida, Alzira Amorim, de 91 anos, festejados ontem com um bolo de aniversário, oferta dos agentes da PSP. "Nem acredito", repetia insistentemente, com um sorriso estampando no rosto esta macaense radicada em Portugal há mais de 30 anos e que tem nos agentes do programa "Polícia do Meu Bairro" de Viana do Castelo os principais companheiros. Os mesmos que há dois anos, numa ronda próxima da sua casa se depararam com um cenário "quase critico"."Eram ratos mortos, pulgas a saírem pela camisola. Parece que ninguém queria saber da senhora e nem família directa tem", explicou ao DN o agente Fernando Couto. "São meus amigos, visitam-me todas as semanas", afirma, satisfeita, a idosa. "Tia Alzira", como é carinhosamente pelos agentes da PSP, nasceu em Macau a 6 de Janeiro de 1918 e com apenas 16 anos casou com um vianense radicado naquela antiga colónia portuguesa. "Chegou a subchefe da polícia de Macau", conta, orgulhosa. Depois de uma vida como comerciante, em 1976 "por coisas da vida" muda-se para a terra do marido que entretanto morre e fica enterrado em Viana do Castelo. "Unidos na vida, unidos na morte", diz Alzira, assumindo que enquanto for viva quer manter-se próxima do local onde o marido está sepultado.Sem família directa, os anos foram passando por Alzira e, apesar da lucidez, o discernimento já não é o mesmo. "Pelo que nos mostrou tinha muitas posses, mas entretanto, vá lá saber-se porquê, tudo foi. Quando a encontramos estava numa situação quase miserável", explicou ao DN Fernando Couto."Passava muitas vezes por aqui e vi-a sempre à janela. Uma altura decidi ver se estava tudo bem e foi então que percebemos o que se estava a passar", contou. Sozinha, sem higiene e alguns bens de primeira necessidade, Alzira vivia em condições "pouco dignas". "Só para a desinfestação da casa foram precisos quatro dias. Apesar de sermos polícias, não podemos andar só atrás dos maus, também temos de tomar conta dos bons", assume. Alzira sobrevive hoje com uma pequena reforma, com o apoio de uma empregada e refeições fornecidas por uma instituição. Recusa ser internada num lar: "Adoro a minha liberdade e na minha casa sou a rainha." Ontem, pela primeira vez em vários anos, Alzira teve alguém a cantar-lhe os parabéns. "Fiquei muito emocionada", disse ao DN, enquanto comia uma fatia de bolo.
1 comentário:
Os polícias são nossos amigos :)
beijo
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